O ANO DO LEÃO
Depois de uma época terminada na quarta posição, as expectativas para os lados de Alvalade surgiam muito altas O plantel para a temporada de 2020/2021 foi feito com base em elementos da formação e algumas contratações cirúrgicas como Adan, Antunes, Feddal, Pedro Porro, Nuno Santos, Pedro Gonçalves e o regresso por empréstimo de João Mário, para trazer experiência e acrescentar qualidade à equipa de Rúben Amorim, que ainda assim teve de perder alguns jogadores para aliviar a nível financeiro do clube. Foram vendidos os passes de Acuña, Bataglia, Wendel e Rosier, dispensados do plantel foram Ristovski, Doumbia, Tiago Illori e Rafael Camacho, assim como João Palhinha, que esteve em dúvida até ao fecho do mercado, mas acabou por ficar e ser um excelente “reforço” para a equipa verde e branca.
Mas ainda na pré-temporada surgiu um surto de covid-19 que infetou quase metade do grupo de trabalho, incluindo elementos do staff e equipa técnica, ficando o plantel dividido entre a academia e um grupo fechado em bolha a estagiar no Algarve.
A data para o início do campeonato aproximava-se e o cenário para os leões não era nada bom. Entretanto aparece também um surto no Gil Vicente, adversário da turma de Alvalade na 1ª jornada e esse encontro viria a ser adiado, ficando a estreia para a jornada seguinte em Paços de Ferreira com uma vitória por duas bolas a zero.
Assim começou a epopeia de Amorim e seus pupilos, mas o Sporting sofreu um duro golpe quando se viu afastado da Liga Europa pela modesta equipa austríaca do LASK Linz numa fase precoce da prova, tendo apenas para competir os troféus nacionais, pairando novas incertezas da qualidade e ambição do plantel.
No regresso ao campeonato os leões deram uma resposta taxativamente positiva e à jornada 6 já eram lideres, lugar que não mais abandonaram até ao final da prova, onde estiveram invictos durante 15 partidas em todas as provas internas até ir jogar dois jogos à Madeira. O primeiro foi uma autêntica batalha campal no alto da Choupana com duas equipas a jogar sem o mínimo de condições devido à intempérie que assolou a ilha naqueles dias, ainda assim a equipa leonina saiu vencedora, três dias volvidos havia novo jogo mas com o Marítimo para a Taça de Portugal onde o Sporting caiu ao perder por 2-0.
Quando se previa uma quebra de qualidade de jogo e em termos anímicos a turma de Alvalade surpreendeu ao aparecer na final four da Taça da Liga em Leiria ao vencer o FC Porto por 2-1 com dois golos de Jovane Cabral a levar o Sporting à final. Aqui, encontrou o Sp. Braga num jogo também difícil de jogar face às condições meteorológicas e consequentemente do relvado, onde as equipas tiveram de fugir ao seu estilo de jogo e optar por um futebol mais direto. Foi numa dessas jogadas que o Sporting chegou ao único golo do jogo por Pedro Porro, somando o terceiro troféu de campeão de Inverno, fazendo os adeptos acreditar em algo mais.
No mercado de transferências de Inverno, chegaram João Pereira, Matheus Reis e também o jogador mais caro do emblema leonino até hoje, o avançado internacional português Paulinho, proveniente do Sp. Braga e que foi um pedido do mister Amorim.
Com uma filosofia de jogo que demorou a ser travada pelos seus adversários, o técnico Ruben Amorim e a sua equipa foram despertando o sonho de todos os sportinguistas, mas sempre com o seu discurso de “jogo a jogo “, sem entrarem em grandes euforias e distrações, mesmo quando a vantagem para o segundo classificado chegou a ser de 12 pontos.
Em março houve uma paragem para compromissos das seleções nacionais. No seguimento do campeonato, o regresso não foi o melhor com a realização de 4 jornadas e apenas uma vitória, mantendo ainda assim a liderança e a invencibilidade na prova mas com a vantagem encurtada. Eis que no dia 25 de abril disputou-se um importante jogo na Pedreira para as contas dos leões. Em Braga os verdes e brancos deram uma boa imagem daquilo que foi o grupo de trabalho, uma vez que ficaram reduzidos com a expulsão de Gonçalo Inácio aos 20 minutos. Com a equipa toda unida o Sporting soube sofrer as investidas dos guerreiros do Minho que não conseguiram fazer o golo. Mesmo a terminar do jogo, o Sporting chegou à vantagem do marcador através de um lance de bola parada com Matheus Nunes a ser um “revolucionário “ e com este resultado o plantel e todo universo sportinguista acreditou que o tão desejado título estava próximo.
A partir daqui os leões embalaram em vitórias até ao decisivo jogo do título frente ao Boavista. Os axadrezados não tiveram quaisquer hipóteses perante a turma de Alvalade que dominou o jogo a tempo inteiro, com o golo solitário de Paulinho a garantir o ambicionado título de campeão nacional após um jejum de 19 anos. A única derrota desta formação leonina aconteceu na ressaca dos festejos da conquista do campeonato português. Num jogo de dérbi entre águias e leões, foram os encarnados que levaram os três pontos numa partida com sete golos marcados e vitória do Benfica por 4-3. Ainda assim a turma de Alvalade estabeleceu o recorde de 32 jogos sem conhecer o sabor da derrota.
De referir ainda que o melhor marcador da prova foi também leão. Pedro Gonçalves foi o artilheiro mor ao fazer 23 golos numa luta renhida com Seferovic até à última jornada. Há 25 épocas que o melhor marcador não era português. O último havia sido Domingos Paciência.
Esta conquista apesar de ser uma surpresa não deixa de ser também justa por o Sporting ter sido a equipa mais regular, com uma estrutura que há um par de anos parecia andar à deriva e agora com todos a querer remar para o mesmo lado, pela contratação de Rúben Amorim que arrumou a casa, forte aposta nos jovens e união inabalável do plantel.
Assim ganham os sportinguistas e também o futebol português que fica mais competitivo e apetecível para jogadores, treinadores e patrocinadores.
Pedro Pereira – Utente da Casa de Acolhimento Sol Nascente