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Opinião: ” Um ano para esquecer ou para lembrar?”

Por: Pedro Pereira, utente da Casa de Acolhimento Sol Nascente

Corria tudo normalmente na nossa vida tão atribulada e cheia de rotinas. Muitas pessoas até se queixavam que não tinham tempo para descansar, quando em Janeiro começaram a surgir notícias de um vírus, descoberto na China, de fácil transmissão e que se começou a propagar rapidamente por todo o mundo.

Em Portugal o primeiro caso de covid-19 foi detetado no início de Março e os casos de infeções foram crescendo todos os dias até que no dia 12 de Março o governo decreta um diploma juntamente com a promulgação do Presidente da República em que se define por exemplo o encerramento de todos os estabelecimentos de ensino. Por essa altura são também são fechados os museus e locais de culto. Os restaurantes e serviços públicos ficam com limitações de atendimento, assim como os centros comerciais. Até as Federações das várias modalidades e a Liga de Futebol suspendem os respetivos campeonatos. O país ficou com as fronteiras fechadas e os aviões em terra. A 18 de Março o Presidente da República fala ao país e decreta os primeiros quinze dias de estado de emergência, e nada voltaria a ser igual àquilo que estávamos habituados.

Entramos em confinamento e tudo ou quase tudo parou. Esse medo do desconhecido obrigou-nos a refletir e a parar de viver naquele ritmo acelerado e excessivo. Esta pandemia trouxe coisas muito horríveis mas também trouxe coisas boas.

Muitas pessoas descobriram passatempos que nunca se imaginariam a ver fazer para ocupar o tempo. Ler aquele livro que faltava, fazer aquela maratona de filmes ou série preferida, aderir à febre do Tik-Tok para partilhar com os amigos e família na Internet ou fazer exercícios de meditação para manter a calma. Também o exercício físico foi um escape ou uma forma de desgaste da maior ingestão de calorias devido à vida mais caseira. No confinamento pudemos ver que até as pessoas mais velhas ou relutantes a ter de utilizar as novas tecnologias, aderiram a este formato, quer como ferramenta de trabalho ou para poder comunicar com a família e amigos. O nosso planeta deve ter ficado bem satisfeito com esta situação porque viu as emissões de carbono serem diminuídas de uma forma drástica devido ao encerramento de muitas fábricas. O petróleo ficou desvalorizado por causa da menor procura de combustível, pois as pessoas não se podiam mobilizar em grandes distâncias e foi possível ver a olho nu a dissipação da poluição nos grandes centros urbanos. A Natureza ficou à sua mercê e com a chegada da Primavera as árvores, flores e toda a restante vegetação pôde brotar em sossego e por consequência aumentar os níveis de oxigénio na atmosfera.

Quanto ao lado negativo desta pandemia da covid-19, ela trouxe não só a doença mas também uma enorme crise social e económica que arrastou pessoas para o desemprego em diversos setores. Com o elevado número de infetados e óbitos os vários Sistemas de Saúde pelo mundo inteiro entraram em colapso, levando ao adiamento de consultas médicas, cirurgias e exames. No confinamento a saúde mental foi afetada porque a quebra tão brusca da atividade diária deu origem à frustração, o tédio, a irritação e uma maior ansiedade, fator de risco para a depressão. Outra coisa que este bichinho nos obrigou a fazer foi a ficar distantes fisicamente daqueles que mais gostamos, deixando assim os afetos para quando o novo coronavírus der tréguas. Ganhamos um novo acessório de uso obrigatório quando saímos de casa e temos de cumprir com as normas de desinfeção e a distância de segurança.

Será que algum dia voltaremos a ter uma vida como antes da pandemia?

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